quarta-feira, 18 de julho de 2007

"injusto é não estar feliz consigo mesmo"

Sim, eu tenho que me lembrar. Às vezes eu penso que existe tanta beleza neste mundo, que é difícil, quando não injusto, ficar triste.

Mas sempre encontro meus demônios neste mundo de beleza, onde nada pode ser tão belo assim. Um rosto inatingível, um único estímulo, desprovido de aparente significado, que desencadeia uma onda devastadora de abandono. Me faz sentir sozinho mesmo quando não estou. Dilacera minha garganta, queima meu estomago. Desprezo minha própria e insuficiente felicidade.

Sofro até me livrar desta mágoa, ou ao menos sentir como estivesse livre. Mas sei que nunca vou estar curado até me permitir. Sou o mestre da auto condenação.

E recomeço um ciclo de aparente felicidade. Tão real que justifica meu recente sofrimento. Até culminar em um novo encontro, até me levar a um novo rosto, inatingível.

Encaro minha tristeza com um sorriso, não menos real que minha tristeza...porque afinal existe tanta beleza neste mundo, que é difícil, quando não injusto, ficar triste.

[de um conhecido 'autor-desconhecido': "Oneofakind"]

terça-feira, 10 de julho de 2007

COBAIAS de DEUS




O que exatamente as emoções são??

O mundo tão ao contrário
e o que antes eu considerava beleza
minha própria cultura condena
em gestos de pura crueldade
disfarçada por alguma religião
e só o que desejo
é essa alma
das ruas
nua
como é a virgindade das coisas
vividas pelo enfrentamento circunstancial
da inevitável primeira vez de todas as vivências
da própria vida
no hoje próprio do agora
da eterna toda-primeira-vez
de sempre um agora que
sempre
nunca
pode
ser o mesmo
E enfim consigo aquilo que nem sei o q é?
E o que será?
Esse mistério que paira disfarçado em cada par de olhos brilhantes??
O que é esta coisa a que tanto procuro??
E porque??
Porque ainda coexiste essa catástrofe ao lado da incoerência consciente da razão?

“parece q todos temos esta sensação de que todos estamos errados por exceção de nós mesmo....”

domingo, 8 de julho de 2007

{{{{{{(((([[[[[[OqueNãoCabe]]]])))))))}}}}}}}






















O que se pede explicação com verdadeira paixão existencial é geral e somente sobre aquilo que é impossível explicar-se, justamente pela natureza não verbal da coisa a que anseia-se explicação. E para que exatamente pergunta-se? Parece ser através dos pontos de interrogação a única possibilidade de comunicação entre os espíritos questionadores, o que soa absurdamente lógico, é claro. Mas não somente perguntas... afirmações e até mesmo respostas, tudo vem sucedido de inúmeros pontos de interrogação intermináveis, que se multiplicam como multiplicam-se as idéias quando se encontram, complementando-se ou chocando-se umas com as outras, compreende???
A compreensão do incompreensível. Será esse o objetivo de tais pontos de interrogação? Tentar fazer do incabível um imperfeito e forçado encaixe? Como tentar rasgar a retórica na tentativa prepotente de tentar representar tão intimamente a ponto de substituir a própria vida? Ser Deus, será isso, ser um criador? Não seria como forçar raivosamente um denso objeto redondo para dentro de um cubículo de menor volume? É completamente provável e possível que existam inúmeras metáforas melhores para tentar representar aquilo que era de meu desejo. Acontece que, dentro do que está sendo pensado aqui, é absolutamente incabível a racionalização efêmera a que anseiam as palavras que existem... Não é o pensamento que é incapaz, incapazes são as próprias palavras sem vida naqueles que as leêm.

O espírito da coisa








O espírito da coisa

A alma dos macacos se espalha através de tudo aquilo que eles conhecem
Assim como para eles é a floresta, espirituosamente rica da alquimia da vida
é para as baleias, tubarões, polvos e outros seres marítimos o oceano
A alma das plantas está, também, em nossos olhos
Assim também são os rios, oceanos, montanhas
Eles têm a alma nos olhos, pés ou sangue de outros animais
além de neles mesmos...
são como os patos, gansos, garças e outras aves que sabem pertencer à uma paisagem
como nenhum outro ser
Eles compreendem neles mesmos a percepção que têm de tudo que desfrutam
A alma é uma espécie de caminho...
A alma do mundo está nos olhos
daquele que tenta desvendá-la, ou desvendá-lo
A alma é um caminho sem fronteiras
Como que a cola grudenta que faz do corpo e da mente uma só coisa
como uma rua que de tão larga não tem meio-fio, uma rua redonda
É como que sentindo o que se sente, fosse além dos sentidos
por conexão e conjunto, extensão pro mundo em coletivos
compondo num só espírito planetário
esse compartilhar de uma presença ( no pre-sente)
[a presença que precede o pressentimento de um presente]
que por ser inevitável, sentir cria o mais claro consciente
A alma é essa fração errante de tempo
que se desloca por diferentes dimensões do nosso espaço
Alma é o mistério, maior que a escuridão da floresta
O enigma do acaso, e da eternidade efêmera
a transitoriedade dos erros acertantes
da poesia virótica
que acaso se disfarça muitas vezes em prosa
infestando todo e qualquer tipo de literatura e indo muito além dela...
encadeando-se disfarçadamente pelo DNA de frases às vezes por demais extensas.... Virando contos, crônicas, romances, roteiros... Ganhando imagens e sons e todo este movimento ativo cada vez mais intrinsecalizado em si mesmo com o uso e abuso da tecnologia audiovisual, transcendendo ao status de CINEMA, de arte sétima.... Recheando cada veículo com bons bocados desta nutrição poética, imensos lotes desta alma grudenta são digeridos antropomorficamente, e aglutinados na experiência sensorial-subjetiva dos confins do inconsciente, por fim resultam em um único corpo que por ventura pode ser esquecido numa estante, armário ou HD: livro, CD, DVD, arquivo digital...
Será a Alma isto que fica para além dos corpos das pessoas?
Será alma a vida que está além da própria vida individual, aquela vida que se expande além das fronteiras do tempo para ser elevada à categoria de cultura?
Mas a alma jamais poderia estar viva sem as células de seu corpo
já que ela é necessariamente a consequência de uma coletividade
Assim como uma cultura não poderia estar viva sem seus indivíduos formadores de uma tal sociedade ou um corpo cultural, uma alma não tem vida se não encontra a biologia que a faça manifestar-se...
A alma de um livro, por exemplo, quando na estante
tem alma de paisagem...
Mas quando na imaginação por detrás de olhos
de quem o leu (ou a leu [a alma do livro]),
e por todo o restante da vida deste ser
o livro tem alma humana além da alma própria que tem por ser o que é, na estante.
A poesia contida,
que não está nem no livro e nem na estante e nem na tela de cinema e nem na pintura e nem no céu,
está, em verdade, por dentre todas as coisas, à todo e qualquer momento
Não são necessária palavras para se compor um poema,
assim como não é preciso som para que se faça uma música.
Diz-se à respeito de um estado conhecido como inspiração
mas que se sabe sobre isso?
Acho que o tanto quanto se sabe sobre a alma...
Eu diria que a poesia é só...
...o espírito da coisa.

[Uirah Felipe]

o extremo da oposição é a origem de toda a igualdade



O Amor
tem tantas formas
que nem forma cabe
que nem precisa
e nem há de
(caber?)

_O que é esse poder de pensar?? Essa coisa que não me cabe e que ao mesmo tempo me invade e me expande? O Que é?
_Esse poder é... é o que é?
_E que diferença faz a retórica?
_É verdade!
_Verdade?
_Sei lá...
_A retórica... simplesmente que..., sei lá... nela não cabe! Não cabem palavras. Dizem elas alguma coisa, afinal, sem a força que o verbo só pode ter se na presença de uma garganta vulcanicamente viva?
_Mas e gestos? Cabem gestos? E... na imaginação cabe a natureza de ser?
_Gestos cabem, mas... será que serão visto? Quero dizer... tudo que se diz... assim, nas palavras, será um dia compreendido além delas??
_Não sei se cabe expandir tanto...
_Do que você está falando?
_De não caber ué!
_Não cabe nem dizer... acho que era isso, era isso que eu queria dizer... ou não dizer, se é que você me entendeu..., entendeu??
_Entendeu o que?
_Shiiiiiii
_Que f...
_Shiiiiii... ouve.
_ O q...(?)

(os olhos se fecham e não restam palavras,
desparagrafam-se, por fim,
numa única prosa que transborda-se em poesia)


[Uirah Felipe]

terça-feira, 3 de julho de 2007

o Céu na Terra, ou, o Céu na terra, ou...

o céu na Terra, ou ...























o céu na terra:

Quero me calar
pra ouvir o silêncio
mas faz tanto estrondo
é tanto metal estalindo
borracha derrapando
eletricidade gritando
martelos, brocas,
homens trabalhando
é preciso gritar mais alto
até ficar louco de tanto falar
e nem ouvir mais nada
e enfim
entender
que pra ouvir o silêncio
não basta ser surdo.