sábado, 2 de junho de 2007

Naturalmente doação... à venda.























"já não me habita mais nenhuma utopia. animal em extinção,
quero praticar poesia
–a menos culpada de todas as ocupações."
[ Waly Salomão ]


































Prostituídos pelo Consumo

O Hoje tem tornado-se tão relativo e subjetivo quanto qualquer construção mnemônica a respeito dos acontecimentos de um ontem que tanto pode ter acontecido à 24 horas quanto 24 meses...ou anos, quem sabe a diferença? Não se vive mais uma vida, um personagem, uma personalidade, um tempo ou um espaço. Moda. Hoje tudo é transformação. Mudar é uma lei implacável. A multiplicidade afetou a individualidade de cada um. Não temos mais uma, mas muitas personalidades, que variam de acordo com contextos ou circunstancias específicas. Não temos mais UMA VIDA REAL. Temos algumas, e mais as vidas cibernéticas desenvolvidas através do virtual convívio social das ferramentas comunicacionais da IDADE MÍDIA – a internet. E quem somos? Os comerciais da TV dirão a resposta? Porque hoje - (e quando é isso?) - parece que se somos, só somos porque consumimos? É dito pelos pensadores contemporâneos que no consumismo diário desenvolvem-se as características de cada personalidade, será? Sim e não, não podemos fugir do que nosso corpo fala, seja pelo que faz, veste, ou consome. E quem somos, meu deus do céu!? Quem somos? Até Deuses, filosofias, intimidades, sonhos, tudo vira produto! Trabalhar passou a significar fazer parte da grande rede apressada por aumentar a sua produção de eterna aceleração. Produção de quê? Ora, tudo, tudo vira produto... É nesse sentido que todos (ou quase todos) fazem o que fazem. Venda, compra, troca. Nossa cultura esqueceu completamente o que significa solidariedade ou compaixão. Ninguém mais quer fazer aquilo que deseja fazer sem transformar antes o resultado de sua ação em um produto, um “algo” que lhe confira números no fictício imaginário coletivo dos valores monetários.
De exaustivamente farto à energicamente enfurecido, sou obrigado a me deparar diariamente com aquela coisa suja que “carinhosamente” chamamos de dinheiro. Porque essa coisa de valor representado? O valor das coisas deveria estar nas próprias coisas, em seus usos e usofrutos, e não em números cotados a partir de margens comparativas de absoluto desequilíbrio de julgamento. PROPRIEDADE. COPY RIGTH. Is that really rigth? Não importa... né? É assim que é. A revolta de ser escravizado pelo universo consumista do capitalismo diário pode ser libertada em pequenas doses de internet, onde, quem tem acesso, é quase livre... Pelo menos é levado a se iludir que assim está sendo... E vendendo nossos subconscientes às janelinhas de propaganda, sem querer querendo vamos nos permitindo, conformadamente, a sermos plugados nesta MATRIX do consumo, onde jamais se desfruta do que se necessita, onde se vende um pouco de si em cada compra, onde o que sonhamos pode ser compilado num filme, e o que acreditamos, em uma novela ou um jornal, e o que queremos, resumido à luta diária de uma medíocre fatia no bolo da tal entidade conhecida como mercado. Sabe, É FODA. Não dá pra seguir este destino traçado previamente pela televisão ou pelas revistas e jornais, cartazes e rádios. E qual escolha nós temos? Temos? Não temos a opção de não escolher. Se não queremos obedecer, nos obrigam a mandar. Mas... e se não queremos mandar e nem obedecer? Parece que quando nascemos já estamos completamente vendidos... e nunca seremos pagos por esta venda.

[-Uirah Felipe-]



Nenhum comentário: